Brasília, a cada semana se supera. Nunca esteve tão surrealista como semana que passou e a sensação geral é que a cada momento vai surgir algo que supere a notícia anterior. É claro que algumas coisas são cortinas de fumaça, mas outras, são habilidades ou inabilidades de seus ocupantes. Enquanto a esplanada tenta se superar, fico imaginando sua equipe reunida para pensar em que confusão vão envolver:
¨Vamos falar mal do desempregado ou falar mal da educação?
¨Epa. Tem que falar dos imigrantes, aqueles vagabundos! Você pode falar sobre a pseudo-reforma agrária...
¨Por falar nisso, alguém quer falar sobre os benefícios dos agrotóxicos proibidos no mundo todo? Falar do jogo do Brasil...melhor não....
Esse clima de insurreição permanente, provocante stress, medo e ódio é não só proposital, como caso de índole. A pauta da direita mundial é tirar os benefícios da população na previdência e oferecer a previdência paga. Tem muitos que apoiam integramente os termos oferecidos pelo governo. Essa pauta, que é uma das poucas que tem felizmente resistência em todos os setores, está na câmara e deve ser votada, sabendo que recursos como de Temer para impedir o fracasso do voto foi a intervenção militar no Rio de Janeiro, que trouxe apenas ônus, não haverá outra chance. As fichas de aposta é que a força truculenta de Bolsonaro acabou na Câmara. O centro não está mais com ele. E isso pode ser preocupante, vendo sob um olhar de binóculo. O que vai tirar da manga para aprovar?
Enquanto você tem uma população que acha tudo normal, toda misoginia, preconceito, truculência, que na verdade se identifica com esses valores, você pode se recordar que sempre tivemos uma burguesia conservadora e uma população sem estudos. Lembra muito o livro de Lima Barreto, O triste fim de Policarpo Quaresma, que narra o triste fim de um sujeito tomado pelo patriotismo ingênuo. Isso em 1915. Enquanto essa população não for apenas marcada e feliz, como vida de gado, não haverá uma democracia e sim, o que temos um corporativismo!
Os bastidores de toda essa luta política, acabamos sabendo tempos depois do fato se concretizar, isso quando existe interesse de usar a informação como moeda de troca. As recentes brigas de Rodrigo Maia com Moro, mostraram a verdadeira face para aqueles Bolsonaristas ainda resistentes. O que sonhavam ingenuamente com uma nova política, cada vez mais mostra ao contrário. E de forma quase que infantil. Quando o ministro Moro tenta forçar que seu pacote anticrime seja votado de todas as formas e irrita o presidente da câmara, que trocam farpas publicamente, o fazem como no tempo de FHC. Você é isso e você é aquilo!
¨Você não vai votar meu programa? Já viu como está seu sogro ultimamente?
Maia que representa toda essa força de interesses, da forma como dizem, antiga, tem o apoio da maioria. O único a conseguir peitar problemas mais truculentos. É claro, que é difícil falar isso, de alguém com o passado dele, mas o cerne da questão não é isso, e sim como são feitas as moedas de troca neste governo. Todos queríamos ver o presidente Temer atrás das grades. Não nessa circunstância, como moeda de troca. Alguém, com o currículo dele, de 40 anos trabalhando como chefe do crime organizado, só foi pego para forçar uma troca. Foi criado uma situação circense para a população apoiar, só que em vão. Parece até que irei ouvir, de tanto escândalo atrás do outro a frase absurda:
¨Queremos os escândalos da compra de votos, do favorecimento de grupos financeiros, de doações da Vale, da ausência de políticas de desenvolvimento e do clientelismo descarado...ou não vai ter mais acordo!